O amor de Açucena
Encontrei Açucena na minha filosofia...
Não a quero nos pronomes que apontam
Prefiro os possessivos porque talvez os façam só minha...
Possa ser que torno vê-la no português popular
E farei um improviso com o verbo amar.
Foi Açucena que cantou meus parabéns...
Comparou o nosso amor com o de Shakespeare
Fez-me de vilão e me pôs na contracena
Fez-me imaginar o meu subúrbio em Ipanema.
Ajudou-me a conjugar o meu verbo “encontrar”
Colocou-me nas complicadas gramáticas
E entregou-me o diário do seu coração
Fez-me de um ser à metáfora perfeita
Cantou a minha música, minha inspiração.
Cantou Erasmo Carlos para eu ouvir
E caminhei entre as palavras, cheguei ao texto...
Mergulhou nos meus prantos, no meu signo, no meu dizer.
Deu-me a existência que eu nunca quis querer.
Fez-me enxergar a vida em margaridas.
E admirar o choro de alegria das nuvens no ar
Fez-me viver a vida mesmo no pleonasmo
Fez-me entender a significação de amar...