Sobre ser
E há quem diga que sei andar só.
Que ainda sei dar bons laços
Ao invés de nós.
Mas há quem diga que não sei falar,
Que ainda deixo espaços
Nos lugares que eu devia amar.
E eu? Só penso no que eu devia ser.
Se ainda devo explicar,
Tentar e tentar de novo
Escrever.
Porque meu eu já deixou de ser meu
Passou a ser teu quando descobri o que é sangrar
E agora procuro algum retorno
Nesse mero rabisco de alguém que já foi Romeu.
Já fui de tudo, lembra?
Agora sou esse resto
Do tudo que eu fui.
Já não sei rimar, não sei lembrar,
Não sei escrever:
Só sei rabiscar.
E agora vejo que é isso:
Eu sou apenas o rascunho da poesia que eu queria ser – pra você.