O Som da Alma

Eu não posso ser feliz sabendo que uma amiga minha sofre. Que meu jeitinho romântico e o som do meu violino chegue até você amiga Caliope e que encha sua alma de saúde e benesses. De que vale minha poesia se eu não puder ajudar ninguém? Ouça o violino Cali, ouça...

Se te deram flores de plástico num mundo tão egoísta e sagaz

Vem e corra livre pelos campos floridos nos arredores de Batatais

O canto dos pássaros a menina nunca pode ouvir

Mas a ausência da audição fez maior o seu sentir

Na certeza bela da natureza Deus roga por nós

Os olhos falam pela boca daqueles que nunca tiveram voz

Num velho baú empoeirado um violino a menina guardava

Não sei para que se ela nunca conseguiu ouvir nada

Até que um dia conheceu um rapaz

E desabrochou entre as flores perfumosa demais

Com ele de mãos dadas agora pelos campos feliz corria

Não sabia a diferença do som do soluçar e da gargalhada da alegria

E em meio as folhas secas ele a deitava ali mesmo no chão

A simplicidade sempre deve ser o leito de uma paixão

E ele a amava sem pudores ali debaixo do céu

O silêncio só era quebrado quando o olhar dele se encontrava com o doce olhar de Raquel

A poesia e a música me despiram de qualquer resquício de dor

Nada é mais sagrado nesse mundo do que uma moça nua vestida de amor

Mas todos nós temos o nosso destino

E um dia Deus achou melhor levar para junto dele o menino

A menina hoje já é uma moça ficou para trás

Tinha uma missão e não podia deixar sozinhos os seus pais

Aprendeu a viver sem pressa e com mais calma

Mesmo no silêncio consegue apreciar o som que vem da alma

Se eu pudesse teria sussurado eu te amo aquele menino

Mas sem voz e ainda jovem cometo sim desatinos

Retiro a poeira do meu passado e daquele esquecido violino

O apóio no braço e aperto o passo

Eu quero tocá-lo sob as estrelas nos campos em flôr

Necessito do grito mudo e urgente dos amantes quando fazem amor

A música chega ao infinito cheia de magia e proeza

O som do violino são como se fossem os gemidos de uma princesa

Que põe o alimento sobre a tua mesa

Desafia sem medo os tabus e desejos de uma camponesa

Que mesmo sem ouvir pode um violino tocar

Porque tudo nessa vida parte do principio de querer e acreditar

Não preciso de sapatos nem de vestidos e muito menos de jóias de valor

Amar é bem mais do estender o píres e ainda pedir por favor

Nenhum laço me prende a não ser os braços fortes do amor

Essa noite me entrego sem reservas ao sereno que malicioso cai do escuro céu

E descubro que o amor pode ser silencioso

Quando sinto que o orvalho molhar o corpo moreno de Raquel...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 06/07/2011
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