Horário de verão

Como não acusar o golpe,

e fingir que desconheço?

Se me mostrar fico nu,

se me esconder, apareço…

Ah alma, diáfano cristal,

incrustado na verdade!

Sob a capa do desleixo

eis o corpo da vaidade!

Quem pode ocultar a dor,

quando o amor veste mortalha?

As vezes, se nega o ter sofrido,

porque o amor-próprio atrapalha…

Ah alma! Translúcida carência,

álgebra das frustrações;

A buscar números inteiros,

onde só vivem frações…

Não tem artifício que apresse,

o tempo d’um coração;

As Onze - horas abrem às onze horas,

às favas o horário de verão!

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 27/06/2011
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