Amar uma foto
Olho-te, atento, curioso
Tua beleza destaca-se
Na descoloração deste papel
Que te traz aprisionada
Será possível amar uma foto?
Uma cópia infiel
E mesmo assim tão bela
Adorável, triunfante
Como é possível...
Apaixonar-se pelo passado?
Viver nas lembranças
Daquilo que nunca vivi
Sofrer e amar
Sem que ao menos
Estejas aqui
Olho-te... Amo-te
Retribui-me o olhar
Discretamente, mas que olhar
Busco-te incansavelmente
Na infinitude do espaço tempo
Na esperança que estes
Tenham compaixão de nos
Leve-me ao teu encontro
Ou traga-te até mim
Mais de cem anos nos separam
Mas como pode isso,
Se estas bem aqui na minha frente?
Sinto que unidos estivemos
Vidas passadas? Não sei ao certo
Vejo em teu semblante o meu
Vejo em ti a minha cópia fiel
Quem com tamanha crueldade
Ousou nos separar
Condenar-nos a amar
O que não podemos ter?
Um no passado
Outro no futuro
Presos... Perdidos
Um fosso que cresce sem rumo
Olho, novamente
Na esperança que te meixas
Não... Continuas imóvel
Mas olhando-me de lado
Como fazendo charme
E eu logo me prendo em ti
Amor que não será nem foi
Porque não existiu
Nuca saberás, nem eu;
Nunca teremos uma chance
De dizer o que sentimos
Um em cima outro em baixo
Mais de 7 palmos nos separam
Mas como pode?
Se estas bem aqui na minha frente