Amar uma foto

Olho-te, atento, curioso

Tua beleza destaca-se

Na descoloração deste papel

Que te traz aprisionada

Será possível amar uma foto?

Uma cópia infiel

E mesmo assim tão bela

Adorável, triunfante

Como é possível...

Apaixonar-se pelo passado?

Viver nas lembranças

Daquilo que nunca vivi

Sofrer e amar

Sem que ao menos

Estejas aqui

Olho-te... Amo-te

Retribui-me o olhar

Discretamente, mas que olhar

Busco-te incansavelmente

Na infinitude do espaço tempo

Na esperança que estes

Tenham compaixão de nos

Leve-me ao teu encontro

Ou traga-te até mim

Mais de cem anos nos separam

Mas como pode isso,

Se estas bem aqui na minha frente?

Sinto que unidos estivemos

Vidas passadas? Não sei ao certo

Vejo em teu semblante o meu

Vejo em ti a minha cópia fiel

Quem com tamanha crueldade

Ousou nos separar

Condenar-nos a amar

O que não podemos ter?

Um no passado

Outro no futuro

Presos... Perdidos

Um fosso que cresce sem rumo

Olho, novamente

Na esperança que te meixas

Não... Continuas imóvel

Mas olhando-me de lado

Como fazendo charme

E eu logo me prendo em ti

Amor que não será nem foi

Porque não existiu

Nuca saberás, nem eu;

Nunca teremos uma chance

De dizer o que sentimos

Um em cima outro em baixo

Mais de 7 palmos nos separam

Mas como pode?

Se estas bem aqui na minha frente

Hasta la victoria siempre
Enviado por Hasta la victoria siempre em 18/06/2011
Código do texto: T3043502
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