Pracinha da minha infância

Meu coração

deitado em noite fria

revolve sua dor sedentária

Chora de saudade

sem hora marcada:

a pracinha de minha infância

Minhas lágrimas...

às verdes palmeiras

redesenhando meus tombos.

Minhas lágrimas...

às árvores carregadas de sabores,

à fonte e sua água:

burburinho de sonhos;

bancos de concreto,

esperando namorados.

Aos postes e suas luzes

encantadas.

À grande Bíblia

aberta ao Senhor.

Minhas lágrimas...

aos sorveteiros...

pequenas felicidades

em bolas coloridas e...

doces.

Minhas lágrimas...

aos taxistas redesenhando

as curvas...

das mulheres.

Minhas lágrimas...

aos livros devorados

no silêncio radioso das manhãs.

Minhas lágrimas...

aos amantes e os beijos de mel.

Minhas lágrimas...

Ao meu primeiro beijo de amor:

minha infância indo embora

entre as pétalas...

de seus lábios.

Paulo Rodrigues - Sorocaba/SP

Paulo Rodrigues
Enviado por Paulo Rodrigues em 16/06/2011
Reeditado em 17/08/2011
Código do texto: T3039610