Pracinha da minha infância
Meu coração
deitado em noite fria
revolve sua dor sedentária
Chora de saudade
sem hora marcada:
a pracinha de minha infância
Minhas lágrimas...
às verdes palmeiras
redesenhando meus tombos.
Minhas lágrimas...
às árvores carregadas de sabores,
à fonte e sua água:
burburinho de sonhos;
bancos de concreto,
esperando namorados.
Aos postes e suas luzes
encantadas.
À grande Bíblia
aberta ao Senhor.
Minhas lágrimas...
aos sorveteiros...
pequenas felicidades
em bolas coloridas e...
doces.
Minhas lágrimas...
aos taxistas redesenhando
as curvas...
das mulheres.
Minhas lágrimas...
aos livros devorados
no silêncio radioso das manhãs.
Minhas lágrimas...
aos amantes e os beijos de mel.
Minhas lágrimas...
Ao meu primeiro beijo de amor:
minha infância indo embora
entre as pétalas...
de seus lábios.
Paulo Rodrigues - Sorocaba/SP