A INOMINÁVEL PRISÃO DO AMOR

A INOMINÁVEL PRISÃO DO AMOR.

Se eu tiver que partir, ó amada!

E sentir nos teus olhos o brilho do pranto

O que será de mim se desesperada

Também souberes que te amo tanto

Com esse amor que em nós se aprisionou

Amor, amor, não chore por enquanto

Partirei como num sonho, uma farsa

Mesmo assim, habitada de muita dor

Da angústia de te perder também em sonho

Só me anima o dia que se rompe com fulgor

Por que, ó amada, tu te sentes aprisionada?

Se o que emana de mim é livre

Como nuvem solta ou como passarinho

Se te sentires aprisionada em mim

Serei castigado com a minha prisão em ti

Isso não é prisão não, meu amor, é a luta

Do ser conquistável e atocaiado pelo encanto

Vede ó bem amada!

Ele não tem sintomas possessivos

E nem grilhões que se atam e desatam

Ao bel prazer do seu jugo

Uma alma que ama não escraviza a outra

Pelo contrário, num clima de doce vida a liberta

Uma alma que ama se interpola na outra amada

Isso sim é a coincidência divina e univérsica

Um acomodamento harmonioso em que

Um, sente a necessidade do outro

Isso não é prisão, é uma força do anseio

Em nutrir e nutrir-se na sua alma gêmea

Para esse inominável êxtase, ó bem amada!

Não há força humana que o detenha.

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 28/11/2006
Código do texto: T303675