Cariolista

O parque Ibirapuera é o ponto de partida do bondinho, subindo em direção ao todo poderoso Cristo Redentor de braços abertos à abençoar a “Cidade da Garoa” do alto do pico do Jaraguá. O calor é escaldante. Te vejo a passear descalça na areia fina e bela da praia de Copacabana com suas ondas a estourar no calçadão da Avenida Paulista. Chamo-te, grito, contudo, não me ouve.

Como encontrá-la no meio deste transito louco, pessoas que andam depressa, de um lado pro outro, com sua maneira estranha de se vestir: ternos de vários cortes e chinelo coloridos, onde estou?

Cariolista?

Ligo o som do carro para me acalmar, quem canta e encanta é o eterno Tom, Tom Jobim com o clássico que o consagrou, “Trem das Onze”. Atravesso o Rio Tietê pela ponte Rio - Niterói e do alto vejo o Complexo do alemão, me assusto, no entanto, não desisto, saio na linha Amarela, cruzo a Praça da Sé, sentido o Arco da Lapa, estou perdido.

-Senhor, como faço para chegar ao Maracanã, foi onde marquei com uma sereia?

]-“ O Meu”, siga a Radial “Leeessssste”, “cooorrrrrrte” a linha “Veeeerrrmelha” direto pelo Museu do Ipiranga, vai veeerrrr o Mooorrro da Mangueira, “maaassss”, não entre, vire a “esqueeerrrrda” e vai “veeeerrrr” uns “mano”, vendendo a camisa do Rubro Negro Corinthiano, ao lado é o Maracá...- Ai, deve ser um peixão, boa sorte.

Corro mais que posso, será que estará me esperando, é melhor não pensar, procurar uma sereia no meio de um mar de pedras... Opa! Ei, Cariolista...

Morena deslumbrante, altura perfeita, seu perfume contagiante é trazida pelo vento noroeste da maresia, esfrego os olhos à não ser só uma miragem, meus braços a envolvem, mãos suaves, cabelos envolto, seu rosto no meu, sua pele sedosa... Sim, ela existe é de carne e osso.

Cariolista... uma paulistana de alma carioca ou uma carioca de alma paulistana?