Ode ao Ser Amado

Amor, senta-te perto de mim,

À beira desse lago;

Acompanhe os passos dos meus pensamentos

E considere o quão lindo é o que sentimos.

Ao menos hoje, fala-me algo que ainda não me falaste,

Compartilhe comigo tuas experiências frustradas,

Seja-me algo que ainda não foste.

Meu amor,

Deixa-me ver outra vez o teu lado triste e fraco,

Tuas inibições, teus traumas infantis,

Teus pecados ocultos, fala-me disso por favor…

Amor,

Lancemos ao menos hoje nossas máscaras nesse lago,

Estamos despidos de toda mácula que o mundo nos contaminou,

Somos inocentes de tudo o quanto fizemos e ainda faremos.

Tu me humanizas com tuas carícias,

Eu te glorificarei beijando-te dos pés a cabeça

A epiderme de tua alma.

Amor, minha linda Flor,

Amo sem querer na verdade amar?

Não o sei. Mesmo assim eu amo,

Sem saber a origem desse sentimento,

Sem saber o real e pleno significado desta palavra que tanto receamos,

Sem saber o propósito que irá nos gerar,

Mais sigo te amando,

Talvez quem sabe por sempre querer amar,

Talvez por pensar que sem amar alguma coisa,

Seja lá quem ou o quê for,

A vida se tornaria mais ridícula ainda.

Te amar é não ser eu?

Te amar é ser tudo aquilo que esperas encontrar em mim?

Te beijar é abandonar-me no alheamento de minha alma?

E a verdade do teu olhar é uma fuga de meus temores?

É por isso que o amor para funcionar como amor tem que ser cego,

E cegar no caso seu portador e o ser amado?

Amar é inserir no ser um outro ser irreal,

Para que assim se possa amá-lo?

Amar é não querer mais travar batalhas com o pensamento?

Amar é criar uma razão pra desviar os olhos do vazio que é a vida,

Pois todos os que amam foram derrotados pela Solidão?

Amar um outro ser é não mais se interessar por si mesmo?

É entregar-se ao engano e a mentira?

Amar é nunca estar consciente de si?

O fogo do amor, se é fogo,

Seu destino é sempre se auto-consumir?

O amor é um dos tantos disfarces do Egoísmo?

O amor é medo de encarar o labirinto da existência?

Todavia diante de tantas indagações,

Não aceito deixar de te amar minha graciosa e cética Flor.

O reflexo da lua nessa água nos transmite tantas idéias,

O sentido que tanto procuramos finda-se

Nesse nosso momento abençoado.

Nossos olhos relampagueiam a intensidade de nossos sentimentos

Os quais querem abraçar-se.

Fecunde tua semente minha Flor em meu coração.

Gere um novo ser no útero de minha natureza,

Permita que eu dilacere com o meu carinho o medo que te apavora tanto.

Amor,

A água do lago está bem límpida,

Tu me conheces porque me decifrei para ti,

Tudo que tenho sempre foi e será teu,

Acasale tua personalidade com a minha alma.

Amor, meu amor,

Esqueçamos de tudo isso que tenta nos confranger…

Não falemos o que faremos amanhã.

O Universo se ergue por cima do muro

A fim de espiar o que nós podemos realizar nesse exato minuto.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 03/06/2011
Reeditado em 09/03/2018
Código do texto: T3012101
Classificação de conteúdo: seguro