Dor de Amor

Essa dor eu conheço, porque já amei muito.

Muitas vezes e de muitos jeitos,

E quero amar ainda mais de mais maneiras diferentes.

Sejam quem forem as pessoas.

Isso na verdade é o que menos importa.

Importa é não deixar que o coração se feche.

Importa é sensibilizar-se com a singularidade do outro.

Importa é não cair na tentação de tentar entender.

Não dá para entender.

Não tem explicação.

Sente-se e pronto.

E vive-se.

Desejo que você tenha vivido intensamente isso.

Com a insegurança própria de quem aceita arriscar.

Sem certezas.

Permitindo-se ser o que nunca foi

E dizer o que não planejou.

Arriscando ganhar o afeto pelo qual sempre sonhou.

Porque são experiências assim

Que nos reconectam

Com aquela parte de nós

Que nem lembrávamos mais que existia.

E o segredo é fazer bom uso disso enquanto durar.

Porque quando não for mais para o bem dos dois,

O melhor é que o amor se dilua.

Se esvazie para que possamos recomeçar.

Quem já amou sabe, amor não acaba,

Não passa assim só porque desejamos,

Não desaparece como mágica.

Ele fica ali, adormecido, ao lado das boas lembranças

E dos sentimentos bons que dele adviram.

Ao seu lado fica também a saudade, a ausência, a falta, o buraco...

Buraco sem fundo que já aprendemos que nada preenche.

E que invariavelmente passamos a vida tentando descobrir

Como lidar com ele.

Até que vira e mexe e não o amor,

Mas a dor passa.

E outro amor chega.

E a gente finge que não estava procurando,

Que não tá nem ligando,

Nem querendo,

Nem gostando...

Mas vive.

Só pra sentir de novo que o coração ainda bate.