CALVÁRIO DE AMOR
Não te desesperes não!
Sei que estais a padecer
Dividindo o coração
Entre o ódio e o desejo
A cada vez que te tocam
As mãos de outro homem.
Mas este teu sofrer
Minha alma também partilha
Pois é minha a mesma sina
Quando penso nos beijos
De outro homem sobre os lábios
Da mulher que tanto amo.
E assim caminhamos juntos
Vagando pela mesma trilha
Curvados ao peso da nossa cruz
Em um calvário de ilusão,
O destino brincou com a gente
Escrevendo nas páginas
Da nossa miserável vida
O momento do nosso encontro
Sem preocupar-se de já estarem escrito
Os nossos nomes gravados
Nas alianças de dois casamentos.
Eis aí a razão de sofrermos
Quando em noites escuras
Digladiamos-nos em tempestades
Que jamais poderão ser ouvidas
Para além das paredes
Do nosso quarto.