QUARTO ESCURO
Já se vão recolhendo
As últimas horas da noite
E no horizonte aparecem
Os reflexos das primeiras luzes,
Toda a terra desperta,
É mais um dia!
Mas eu...
Trancando a porta do quarto,
Fiz da madrugada minha prisioneira!
Tranquei também a lenta agonia
Dos meus braços crucificados
Nos abraços do teu corpo,
Minha cruz!
Às vezes chego a delirar!
Sonhando acordado
Me vejo falando contigo,
Mas meus ouvidos,
Temendo o adeus!
Recusam-se a te escutar.
A vida lá fora
Me chama pelo nome!
Tentando levantar
Meu corpo em arrepios
Cambaleia vacilante
Nos vapores da bebida
E novamente tomba
Sobre a cama desarrumada.
Só o que me resta
É esperar!
Enquanto o tempo passa
Meu olhar tateia
As paredes escuras do quarto
E foge pelas frestas da janela.
Ah! Esse maldito quarto! !
Ai! Essa maldita saudade!!!