VENDAVAL DE AMOR
Lá fora na escuridão
A terra dorme
Envolvida Por silencioso véu,
Mas aqui dentro desse quarto
Sobre a cama um poeta vela
Resguardando o sono
De sua adorada musa.
Lá fora
As luzes noturnas
Dos pirilampos em folguedos
De estrelas cadentes
Atravessam as frestas das janelas.
A brisa suave da madrugada
Cortando as matas
Vem lá do pé da serra
Trazendo o cheiro da chuva
E o barulho abafado
De um distante trovejar
Em ameaças de tempestades.
No leito, porém,
Como as ondas furiosas;
que após a borrasca
no alto mar
vem mansa-mente
na praia se acalmar,
ela adormece
exausta de amar
Sem saber das ameaças
Do vento que grita
A esmurrar nervoso
As grades da janela.
Se lá fora
O vento grita
Rugindo furiosas ameaças
De violentos vendavais
Sobre o nosso telhado,
Na incerteza do amor
Aqui dentro um poeta
Soluça trovões de angústia
Em meio a suspiros de dor.