AMOR ETERNO

Essa noite eu tive um sonho!

Sonhei que era novamente

Uma pequenina criança,

E a minha frente

Estendia-se um longo caminho

Repleto de pedras e espinhos.

No sonho eu estava só

E tinha receio de tudo!

No sonho eu sabia

Que mais a frente

Existiam altas montanhas

Com profundos precipícios.

O vento gelado

Castigava minha face

Gemendo nos ouvidos

A voz da insegurança

E o medo congelava o corpo

Travando meus passos

Na escuridão da noite.

Mas quando tudo

Parecia estar perdido!

Quando o desespero

Assombrava-me a alma

Ferindo a madrugada

Em sonoras gargalhadas!

Um anjo glorioso

Rasgou o céu nublado

Com suas poderosas asas

Para pousar diante de mim

A olhar fixamente

No fundo dos olhos

Enquanto suas mãos

Estendiam-se amorosas

Ao encontro das minhas.

E naquele momento

De profunda agonia,

Quando a esperança

Aos poucos fugia

Levando com ela

O restinho de alegria

Que eu ainda tinha!

As asas de aquele ser divino

Abriram-se em leque

Como se fosse um manto

A exalar perfumes de rosas

E envolveu-me o corpo

Em um forte abraço

Enquanto me beijava a face

Sussurrando aos ouvidos

Murmúrios de ternuras,

A me entorpecerem os sentidos,

Que mais pareciam

Cantigas de ninar.

Ò que dor terrível

A dor de quem desperta

Querendo ainda

Um pouco mais sonhar!

Daquele estranho delírio

Eu fui acordar

Para sentir surpreso

O aroma das flores

Que mamãe cultivava

No jardim de casa

Espalhado pelo quarto.

Ainda com os sentidos

Anestesiados nas lembranças

Daquele sonho encantado!

Olhei depressa

Para o criado mudo

E estendendo as mãos

Tomadas por tremores

De intensas emoções

Beijei o retrato

Da minha mãezinha

Que me sorria na moldura

Como se me contasse um segredo:

“Filhinho querido

Do meu coração!

A morte não poderá jamais

Quebrar a poderosa corrente

Do indestrutível amor

De uma mãe por seu filho.

Quem por ti zelou

Quando estava presente

Aqui nessa terra,

Para além do véu

Que a morte descerra

Continuará zelando

A guiar-te o passos

Lá do alto céu.

Abner poeta
Enviado por Abner poeta em 03/04/2011
Reeditado em 23/05/2011
Código do texto: T2886573