Teimosa e Carente

Eu não acredito que possa mudar o mundo, para ser franca não consigo nem mudar nem meu própio mundo a que muitos chamam de cotidiano. Queria entender como as pessoas podem abandonar , descartar os animais e depois ainda conseguirem dormir à noite os deixando a deriva nas estradas de asfalto ou poeira à merce de tudo. Devem ser "seres humanos" desses que também abandonam e descartam pessoas muitas vezes tão indefesas como os animais .

Eu não vou mudar o mundo mais espero que ele também não tente me mudar...

Na porteira do sítio deixaram uma caixa de papelão

Dentro 3 cachorrinhos chorando de fome e de ingratidão

Na noite fria riscando o céu o relâmpago busca o trovão

Bem aventurado o ser humano que nessa vida possui coração

Meu pai grita que só dará o leite e nada mais

Então pego o martelo e quebro o porquinho de barro da moça de Batatais

Aquelas economias que guardei para comprar um batom daqueles que faz bocão

Na primeira venda da esquina pelas minhas mãos transformo em ração

Os cachorrinhos sentem que foram jogados como panos de chão

Eu minto para eles dizendo que não conheço essa dor nem essa sensação

Me reconhecem pelo meu cheiro e pelo toque das minhas mãos

Até fecho os olhos para não vejam neles o tamanho da minha solidão

Levanto cedo e caminho para os alimentar

Vou pensando pra que batom se ninguém vai me beijar

Eles vem correndo e fazendo festa para me alegrar

É como se sentissem minha carência e viessem me abraçar

Quando brota o primeiro sentimento do meu coração

Vem um vendaval caprichoso e deixa um rastro de desilusão

Nem bem a tempestade abranda lá estou eu de novo semeando o chão

A boca de uma teimosa só é calada com um beijo de intensa paixão

E mesmo que as nuvens escureçam no céu

Os cachorrinhos sabem que estão sob as asas de Raquel

A mesma alegria que eles sentem ao me ver na curva da estrada apontar

Vou sentir quando nos braços de um grande amor eu me atirar

A felicidade que eu sinto em a fome dos cachorrinhos matar

Só será igual ao beijo de amor que com ou sem batom eu hei de saborear...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 30/03/2011
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