LÍRIO DO PÂNTANO

Tu és o lírio formoso

Que se curvando sobre a lama

O verme quer beijar,

Eu sou o pântano profundo

Onde se perdem os sonhos

De quem ousa me amar.

Tu és a brisa da tarde

Que em dia de primavera

Murmura carícias

Nos ouvidos adormecidos

Dos amantes desfalecidos

Sobre as redes no pomar.

Eu sou um fantasma

Na solitária madrugada

Arrastando passo a passo

As correntes da saudade

Em noite de inverno.

Nas asas da liberdade

Tu és borboleta dourada

Bailando de flor e flor,

Eu sou o pássaro ferido

Cujo canto de dor

Chora o ninho destruído

Em noite de tempestade.

A vida que sempre te sorriu

Enchendo de flores

O teu caminho!

Para os meus pés

Guardou somente

As pontas dos espinhos.

Abner poeta
Enviado por Abner poeta em 27/03/2011
Reeditado em 15/04/2011
Código do texto: T2873070