LÍRIO DO PÂNTANO
Tu és o lírio formoso
Que se curvando sobre a lama
O verme quer beijar,
Eu sou o pântano profundo
Onde se perdem os sonhos
De quem ousa me amar.
Tu és a brisa da tarde
Que em dia de primavera
Murmura carícias
Nos ouvidos adormecidos
Dos amantes desfalecidos
Sobre as redes no pomar.
Eu sou um fantasma
Na solitária madrugada
Arrastando passo a passo
As correntes da saudade
Em noite de inverno.
Nas asas da liberdade
Tu és borboleta dourada
Bailando de flor e flor,
Eu sou o pássaro ferido
Cujo canto de dor
Chora o ninho destruído
Em noite de tempestade.
A vida que sempre te sorriu
Enchendo de flores
O teu caminho!
Para os meus pés
Guardou somente
As pontas dos espinhos.