DELÍRIOS NOTURNOS
É noite, a solidão impera
O tempo já não existe;
Mais um amanhecer vem nascendo
Na vida de um homem triste.
Ah, mulher, se surgisses do nada
Envolta do teu calor
Para abraçar-me de súbito
E dizer-me murmúrios de amor.
Se viesses sonhar comigo
Acordada no meu leito,
Adornada em renda fina,
Deitar-se sobre o meu peito.
Roçar estes teus lábios
Ávidos para encontrar
Os lábios que te desejam
Sedentos por te beijar.
Ah,que triste delírio
Que sonho maravilhoso
De tê-la sob o meu corpo
Entregue ao prazer e ao gôzo.
Ao desejo de corpos sedentos,
Ao desespero de avassaladora fome,
À gana libidinosa
Ao fogo que nos consome.
Selvageria, insanidade
Volúpia de amor e fúria;
Suor, saliva, disritmia,
Cheiro de sexo e luxúria.
Orgasmos, espasmos, vida,
Pulsações descontroladas;
Respirações ofegantes,
Os braços de minha amada.
Contrações, sensações fortes,
Uma deliciosa letargia dominando;
Nossos corpos totalmente entregues
Em suaves movimentos relaxando.
Onde? Quem sabe? Não me acorde!
Contemplo teu gozo, teu riso;
No sonho sou rei, posso tudo,
Sou dono do paraíso.
Até que o dia se levante
E a noite leve meus devaneios;
E eu perca de vista teu rosto,
E não encontre teus seios.
Mas anoitecerá novamente
E o delírio me trará tua lembrança,
E te amarei dia após dia
Enquanto houver esperança.