Barba
Sem a barba você é apenas um menino, de olhos perscrutadores e sombrios. Os cabelos teimando nos olhos, a cor nauseante deles que me fitam da foto me causam arrepios até o cerebelo... sem barba você não é meu, amor, é só mais algum bumbum de bebê cheirando a talco, mais uma covinha imperceptível (quase), mais um gurizinho moleque capeta esperando a tia bunita vir devorá-lo...
Com a barba por fazer, leves fios, penugem macia, a luz leviana que te ilumina a face e denota um brilho nesse teu olhar abandonado, a boca semiaberta sussurrando promessas de delírios torpes de noites que ainda não vivemos e que quiçá amanhã... uma promessa de roçar suave, que me causa sensações térmicas só de pensar e entumescimentos inapropriados ao tanto de minha solidão... vagueio... o teu olhar vagueia e eu vagueio... diametralmente opostos unidos nessa linha tênue que se chama vida pela má sorte, sorte madrasta essa, a de estar tão perto e tão longe...