Teia

mais uma vez aqui vou eu atender as exigências da minha mente e falar sobre você...

os longos fios dos teus cabelos enredaram-me em suave teia

que pendendo suave balouça

a uns três metros do chão

em cada passo calculado

aproxima-se ela

adivinhando a presa e a refeição

que tal dom esse

o de esperar que me devores...

embora a quantas teias hás de conceder tua atenção...

de contemplar o muro ao qual estou preso

meus olhos já cansados

traem um sono fugidio

e em meus sonhos

você me vem

com seu lindo sorriso de sol...

e abraça-me e me diz

não te quero devorar

vamos viver felizes em mútua simbiose

e minha alma se funde na tua

e juntos nessa bola de fogo

brincamos juntos no azul imenso...

então acordo

e aqui me vejo novamente

o muro do qual já sei

até o número dos tijolos de que é composto

suas mínimas falhas

os seus respiros

as gotas de chuva que caem e nele tocam

e em mim respingam

são réstias de esperança no amanhecer

tudo é mínimo

mínima nutrição

mínimas gotas

a matar a minha sede

mínimas réstias do teu sol que a mim chegam...

dura realidade essa

a de estar preso

eternamente

nessa teia de sonhos

e não querer sair dali...

e sou uma presa esquecida

e minha realidade

eterna

é o muro

é o muro

é o muro...

Cacau Segobia
Enviado por Cacau Segobia em 07/03/2011
Reeditado em 07/03/2011
Código do texto: T2833119
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