Teia
mais uma vez aqui vou eu atender as exigências da minha mente e falar sobre você...
os longos fios dos teus cabelos enredaram-me em suave teia
que pendendo suave balouça
a uns três metros do chão
em cada passo calculado
aproxima-se ela
adivinhando a presa e a refeição
que tal dom esse
o de esperar que me devores...
embora a quantas teias hás de conceder tua atenção...
de contemplar o muro ao qual estou preso
meus olhos já cansados
traem um sono fugidio
e em meus sonhos
você me vem
com seu lindo sorriso de sol...
e abraça-me e me diz
não te quero devorar
vamos viver felizes em mútua simbiose
e minha alma se funde na tua
e juntos nessa bola de fogo
brincamos juntos no azul imenso...
então acordo
e aqui me vejo novamente
o muro do qual já sei
até o número dos tijolos de que é composto
suas mínimas falhas
os seus respiros
as gotas de chuva que caem e nele tocam
e em mim respingam
são réstias de esperança no amanhecer
tudo é mínimo
mínima nutrição
mínimas gotas
a matar a minha sede
mínimas réstias do teu sol que a mim chegam...
dura realidade essa
a de estar preso
eternamente
nessa teia de sonhos
e não querer sair dali...
e sou uma presa esquecida
e minha realidade
eterna
é o muro
é o muro
é o muro...