Anjo Profano
Amigos ainda estou no sítio, aqui não tem internet mais acompanho os textos via celular. Hoje meu pai me vendo triste me perguntou o que eu tinha , respondi pai estou sem ar.
Mesmo embaixo de muita chuva vim a cidade para escrever e descobri que sem a poesia não consigo mais respirar. Saudades, muitas saudades.
O desiludido Pierrô não acreditava em amor de carnaval
Tinha uma lágrima tatuada na face como um homem marcado por ser sentimental
Se misturava a multidão tentando a todo custo viver uma ilusão
Por cinco dias andaria sem rumo pelas vielas da hipocrisia
Todos se esqueceriam da fome, da guerra e das desigualdades no calor da folia
Ignorou o leproso desolado na esquina
Preferiu ver apenas o brilho do confete e da serpentina
Ergueu os olhos pregados no chão e viu ela vindo em sua direção
A Colombina sem maquiagem e supostamente sem coração
No fundo apenas uma menina que carregava no peito o peso da desilusão
Os olhos da Colombina mergulham nos olhos do Pierrô
Como um anjo profano pedindo em silêncio por amor
Temendo a paixão bate as asas e voa ao infinito do céu
Um misto de mel e lágrimas era o sabor dos lábios de Raquel
Para que máscara se a sinceridade esta estampada nos olhos da moça de Batatais
O Pierrô sentiu vergonha de mentir a si mesmo dizendo ser feliz demais
Na geração onde a palavra de ordem é só "ficar"
Promiscuidade exagerada não dando tempo nem para o corpo de uma moça formar
Só com o cuidado de um sensível botão com delicadeza a zêlar
É a promessa de uma flor com pétalas macias a desabrochar
Como pode uma frágil Colombina fazer um Pierrô voltar a sonhar
Com seu jeito doce e meigo
Sobre os lençóis macios do leito
No mês onde a mulher ainda luta por direitos iguais
Que saibamos o valor das virtudes mesmo em meio as vaidades dos carnavais
Se na micareta é comum as jovens ficarem com um , dois ou três...
Incomum é um Pierrô chorar ao ouvir de sua Colombina
Essa é minha primeira vez...