Saudade
das frestas da janela
pensei ter visto você
a construir fogueirinhas
queimando até o alvorecer
do meu silêncio então
surgiram essas mal traçadas linhas
em sonhos que se repetem
você me sorri longínquo
peregrinando a tua alma
e logo torna teu rosto
a outras partes, o abismo
e eu te busco na bruma
e junto a uma longa espuma
me afogo de tanto chorar
meu coração não tem paz
ao menos dize se estais
também a me procurar
e logo torno ligeiro
da dor a transformação
nada na vida é em vão
nem muito menos passageiro
sinto um tremor medonho
se vejo teu rosto onde
não te busquei
sem querer
de novo me desfaço em prantos
e em lágrimas doídas
com a alma compungida
meu Deus que droga de vida
como dói amar você