Liberdade Explícita

Um dia a água doce será motivo de guerra, de disputa entre os povos.

Nesse dia o ser humano aprenderá que compartilhar é melhor que guerriar, então descobrirá o valor da paz .

A mesma sensação que tem diante da beleza da cachoeira a moça de Batatais.

No rabo do fogão de lenha logo cedo fui me sentar

Com uma caneca de café nas mãos internamente tentei me esquentar

Achei que honestidade nessa vida fosse a maior riqueza

Abaixei a cabeça envergonhada de ainda acreditar na nobreza

O vizinho do nosso sítio mudou a cerca de lugar sem avisar

Cobiçava uma aguada para a sede do gado dele matar

Nós não somos posseiros

Somos uma família de simples agricultores mineiros

Produzimos fartura mais temos uma vida dura

Nossos direitos estão garantidos por uma escritura

Sou uma moça livre e não tenho patrão

De meu mesmo só tenho caráter e um velho alazão

A cerca volta para seu antigo lugar

E o fazendeiro sem direito agora quer conversar

É recebido com cordialidade e educação

Sou moça da roça mais sempre tive boa criação

Ele argumenta que a água é um bem precioso vindo do céu

Apela para o bom senso da cabocla Raquel

Vejo nos olhos do meu pai o que é um sertanejo de bom coração

A única terra certa nessa vida é sete palmos abaixo do chão

Refaça a cerca com arame farpado

Mais permito que deixe uma passagem para matar a sede do seu gado

A natureza é a legítima dona da água que deixa linda a cachoeira

Nado nua porque nem de roupa sou prisioneira

Deito na grama esperando que o sol meu corpo venha secar

Sinto o vento no rosto quando nas tardes quentes saio a galopar

Debaixo da mangueira faço parada para no meio do dia merendar

Saboreio a manga sem medo da minha boca lambuzar

Aprendi vendo os meus pais

Os problemas se resolvem com diálogo e paz

E são selados com o sorriso da moça da Batatais...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 15/02/2011
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