Liberdade Explícita
Um dia a água doce será motivo de guerra, de disputa entre os povos.
Nesse dia o ser humano aprenderá que compartilhar é melhor que guerriar, então descobrirá o valor da paz .
A mesma sensação que tem diante da beleza da cachoeira a moça de Batatais.
No rabo do fogão de lenha logo cedo fui me sentar
Com uma caneca de café nas mãos internamente tentei me esquentar
Achei que honestidade nessa vida fosse a maior riqueza
Abaixei a cabeça envergonhada de ainda acreditar na nobreza
O vizinho do nosso sítio mudou a cerca de lugar sem avisar
Cobiçava uma aguada para a sede do gado dele matar
Nós não somos posseiros
Somos uma família de simples agricultores mineiros
Produzimos fartura mais temos uma vida dura
Nossos direitos estão garantidos por uma escritura
Sou uma moça livre e não tenho patrão
De meu mesmo só tenho caráter e um velho alazão
A cerca volta para seu antigo lugar
E o fazendeiro sem direito agora quer conversar
É recebido com cordialidade e educação
Sou moça da roça mais sempre tive boa criação
Ele argumenta que a água é um bem precioso vindo do céu
Apela para o bom senso da cabocla Raquel
Vejo nos olhos do meu pai o que é um sertanejo de bom coração
A única terra certa nessa vida é sete palmos abaixo do chão
Refaça a cerca com arame farpado
Mais permito que deixe uma passagem para matar a sede do seu gado
A natureza é a legítima dona da água que deixa linda a cachoeira
Nado nua porque nem de roupa sou prisioneira
Deito na grama esperando que o sol meu corpo venha secar
Sinto o vento no rosto quando nas tardes quentes saio a galopar
Debaixo da mangueira faço parada para no meio do dia merendar
Saboreio a manga sem medo da minha boca lambuzar
Aprendi vendo os meus pais
Os problemas se resolvem com diálogo e paz
E são selados com o sorriso da moça da Batatais...