Princesa sem tempo

Excerto de uma história medieval...

Num tempo sem valores e sem costumes

Onde o pobre rastejava pelo chão

Abençoando os acordes duma velha ilusão

Existia uma menina que no parapeito da janela

Entoava a canção da esperança alheia

Relativizando um passado recente

Que deixava permanecer dormente numa velha escada

Onde cada degrau era um sonho sem tempo

Um trajecto de ousadas lembranças

Um tapete de suave veneno

Batiam na fachada da casa de outrora

Estrelas e constelações cintilantes

Eram as recordações que espelhavam emoções

Algumas delas inaugurais outras repetições

O que é certo é que suavemente

O espírito se ia embrenhando num doce alento

Repleto de momentos condensados de sentimentos

Onde hoje talvez se tenha evaporado a essência

Sem se ter perdido a demência do verdadeiro Amor

As pedras gastas da calçada eram a prova

Das imensas cavalgadas e dos percursos sem tempo

Que o príncipe da espada sem lâmina

Percorria em cada dia em que alguém escrevia

Um conto que não era mais que a realidade

De uma fábula sem ocaso

Onde personagens envolventes traçavam destinos

Metas e estradas de cores brilhantes

Fruto da imaginação ou quem sabe da paixão

Que invade o coração de quem ama

A princesa nunca teve um castelo

Era simples o seu sentir e a sua pretensão

Não desejava pompas de actriz

Nem enfeites de Paris

Só precisava da vidraça repleta de flores

Para que o paraíso entrasse pela porta dentro

E com o seu pólen das fadas

Preenchesse no peito o vazio e a lacuna

De uma ausência

Da qual se desconhece o assunto

E no fundo a pobre donzela

Só precisava que o príncipe

Deixasse o cavalo branco

E entrasse pela janela

E lhe dissesse sorrindo

“Vamos ser felizes!”

Sonya
Enviado por Sonya em 27/10/2006
Reeditado em 29/07/2008
Código do texto: T274890
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.