Perto
Se eu caisse, o tempo passaria sobre mim?
Fingiria-me, então, de morta...
à sombra de algum passado.
Esperando o teu futuro
ou algo que me importa...
Sob teus domínios eu sou doce,
longe de ti, azeda...
e o cântico nos meus olhos seria outro,
se contigo, amor, fosse...
(Melhor seria que ficasses ao meu lado...)
PRESENÇA
"É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos…
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo…
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te."
Mário Quintana
Se eu caisse, o tempo passaria sobre mim?
Fingiria-me, então, de morta...
à sombra de algum passado.
Esperando o teu futuro
ou algo que me importa...
Sob teus domínios eu sou doce,
longe de ti, azeda...
e o cântico nos meus olhos seria outro,
se contigo, amor, fosse...
(Melhor seria que ficasses ao meu lado...)
PRESENÇA
"É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos…
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo…
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te."
Mário Quintana