Sem rascunhos rasgando a cortina

Sem rascunho a ti escrevo...

nada sabendo de amor, de carinho...

escrevendo por achar o que sinto...

não ames o desconhecido...

nem me chamo Aparecido,

não se importe com o Caprioni,

ele faz parte do meu sangue peregrino...

não gostes de nada, que não sintas a dor,

um ciúme de estar doente, um medo de perder,

sem prender-te, sem querer, eu te gosto,

por isso, por que iria eu falar em amor,

para não amares, não gostares do desconhecido,

ah! chega de dizer brincadeiras...

não ames o tempo, o vento e as padarias...

elas vendem sonhos... sim, não é brincadeira...

não compres no açougue, a carne é fraca...

não ames nunca, por que sofrerias sem sentir

que passou o vendaval, e ele talvez nada sinta por ti...

Dizer Não, e sabes que não, não sabes...

não me ames ardentemente, não queiras a sobremesa,

a salada de fruta, o bolo recheado,

o recheio pode ser doce,

mas engorda, e depois de nove meses,

o tempo se encarrega de fazer a luz turvar-se...

curva-se o tempo de olhar-me, para quem olharias...

se eu fosse um plebeu, não poderia te dar algo,

nem enfeites como feitiços, um encanto que sei,

mesmo eu sendo rapaz tolo, o amor não mereço de ti,

nunca ainda sintas o ar repleto de mim, pois

ele não leva o suspirar, o farfalhar das folhas,

elas caem, e estão lá mostrando que o tempo levará

tudo que é nosso, tudo irá embora,

o teu amor desfalecerá, e o meu nunca será uma semente

a brotar no jardim... uma roseira tem muitas flores,

e eu digo Não, sabes o que significa...

teus espinhos me ferem e me curam...

fazes minha alma ser consumida, aos poucos,

fiz algo, recebi isto, o consumo do meu ser...

e foi tão belo o sentir, que nada pude saber mais...

nem o que dizer, será engano amares...

não, não ames, nunca gostes, porque haveria

sofrimento em meu coração...

por te amar em retribuição, com sofreguidão,

esfregando a pele amarela que abaçana facilmente ao sol...

o pôr-de-sol chegou hoje, e estamos aqui, curados,

pela noite, que traria saudade de dias de outroras...

mas dias anteriores, ficaram no passado, as coisas mudaram,

e nunca mudarias, para mim...

(00h35min)

Wanderson Benedito Ribeiro
Enviado por Wanderson Benedito Ribeiro em 09/01/2011
Reeditado em 09/01/2011
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