O poeta em sua oficina se apresenta
Em solidão palavras componho novamente
A vida em segredo na mansidão da noite ressuscitais
Como fogo brando e isolado em castiçais
Assim em silêncio vejo olhar descontente
Que magia é essa? Que se faz em linha presente
Em cada minuto com sigilo me condenais
Com olhos em pranto cada verso atentais
Como que em verso se faz de um sorriso contente?
Esse é o maior, o grande e imenso, defeito
Como que ninguém viste antes este dom alterado
E como no calar do dia o poema se escreve perfeito
Não nego a sina e nem a tormenta
De letra em letra se afoga em sonhos o peito
E eu sozinho, no entardecer de meu quarto, o poeta em sua oficina
[se apresenta.]