Garça pousada
São rosas, violetas, acácias no cosmos,
minhas pontas não pontas, são cabelos
rasgando os sulcos, nunca os mesmos
no espaço constelado de fogos singelos!
Meus cabelos, longa fímbria viandante
penteando o céu, sem nenhuma pressa,
saboreia vinho branco, suave e quente,
que mais apurado, mais me compensa!
Nas mãos do céu entreguei-me toda nua,
guardando o meigo rosto da noite silente
nas pontas que brotam doces risos da lua,
à boca aberta um infindo riacho radiante!
Estrela me chamam, cadente me querem,
para realizar seus anseios enquanto caio,
vestida em pele d’água para ser d’alguém
que sonhou ser o sonho parido num raio!
Contornarei o arco-íris na luminosa queda,
não mais a estrela etérea, mas a Melodia,
que banha as pétalas da mágica rosa alada
e pousa tal graça,musa de amor e fantasia!
Santos-SP-21/10/2006