A Flôr de Pompéia
Finalmente chegou o grande dia tão esperado
O encontro da moça sonhadora com o jovem italiano enamorado
Ela sonhava em ouvir eu te amo nem que fosse uma única vez
A certeza do amor de ambos era tamanha que não admitia talvez
A moça levaria nas mãos uma singela flôr
Que entregaria com carinho a seu amor
Nenhum dos dois faziam idéia
Da tragédia que se abateria sobre a cidade de Pompéia
Diante um do outro o coração disparou
O estrondo da garganta de fogo ecoou
O vulcão Vesúvio subitamente acordou
De mãos dadas tentaram desesperadamente se proteger
Não queriam morrer antes do amor conhecer
Mais cada ser humano tem sua própia sina
Condenados a viver um amor em meio a ruinas
De repente cinza se tornou a cor do céu
Não houve tempo nem de ter um passado
Ele a abraçou forte e disse eu te amo Raquel
E ambos foram soterrados
O acaso não existe
E numa manhã fria e triste
O arqueólogo descobriu
O que os olhos humanos nunca antes viu
A cidade intacta não era um cenário de horror
A lavra e o tempo transformaram em pedra toda a dor
Pais abraçavam os filhos
Filhos abraçavam os pais
Na hora da morte somos todos iguais
Dentro da catedral visualizaram um casal
Abraçados e deitados no chão
Eram duas pedras que juntas formavam um coração
Na fisionomia deles não havia resquícios de dor
Passam-se os séculos mais não passa o verdadeiro amor
O rapaz tinha o rosto sereno e a abraçava com ardor
A moça tinha nos lábios a menção de um sorriso e trazia na mão uma flôr...