Teus versos soltos
Hoje o dia não amanheceu do mesmo jeito
Faltava mais açúcar...
Estava meio amargo o seu beijo antes de sair
Nem hortelã nem café
Era um gosto de partida
Um gosto de sala vazia
Era espaço demais em nosso tapete
Eu me lembro do final daquele ano
Você tão mais eu e eu tão dentro de você
Éramos mais que o tempo poderia durar
Mais que os ponteiros pudessem marcar
Que a fotografia pudesse gravar
Não há dia que não te lembre
Nem lembrança tua que não clareie o dia
Nem poesia minha que tenha fim
Você é um verso sem fim
Um poema que eu criei e recriei a cada dia
Um final que eu nunca escrevi
Era a minha carta na manga
A minha mágica secreta
A minha melhor história
Você é onde tudo recomeça
Os móveis e as paredes da nossa casa
O cheiro e o sabor
A poeira do meu livro favorito
O brilho do retrato envelhecido
Você é a sinfonia e o balé daquela noite
O carnaval: minha colombina e eu sem máscara nenhuma
É o meu verão tão cheio de gente
Minha passista sem samba algum
Minha agitada, doce, solidão
É minha boneca de pano
Minha canção, minha oração
É nossa casa amarela
Cheia da gente
Da mágica que a gente criou