Chapéu Panamá

O pomposo carijó na madrugada cantou

Mais diferente dos outros dias meu avô não se levantou

O silêncio na casa era o sinal que ninguém ainda havia acordado

Tento dormir e viro de lado

Mais sou a jovem que já tem a insônia de quem foi enganada no passado

Me levanto e ao passar pelo corredor

Ouço meu avô gemer de dor no quarto fechado

Ele é o único homem

Que faria eu derrubar uma porta trancada em nome do amor

Sem chorar levo meu avô para o geriatra consultar

Mais ele não sai de casa sem seu chapéu panamá e seu lenço de mão

É meu herói mais morri de medo de injeção

Ele resmunga mais ouço tudo que o médico diz com atenção

Todos em casa estão ocupados e preocupados é com a obrigação

Um telefonema franco para o meu patrão

Posso até perder o emprego

Mais meu avô não deixo sozinho nessa vida não

Rabugento diz que esta passando da hora de ir para o céu

Se ele soubesse como eu o amo

Penso enquanto preparo com carinho a famosa sopinha de legumes da Raquel

Sei que fará manha na hora dos remédios tomar

Hoje ele precisa de mim até para um chinelo calçar

Mais sou forte e só no papel me permito chorar

Sabe vô eu gosto tanto quando me dá o braço e me leva para passear

O futuro a Deus pertençe

E o passado por mais que eu tente não posso mudar

A lógica só o destino contraria

Cuidar de você não é peso e sim alegria

Não sei quem de nós dois irá primeiro para o lado de lá

Mas sou um anjo que já aprendeu a voar

Te esperarei com meu vestido branco de tafetá

Com os braços abertos e um lindo sorriso a recepcionar

Meu garboso avô e seu inseparável chapéu panamá...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 28/10/2010
Reeditado em 28/10/2010
Código do texto: T2583912