Chapéu Panamá
O pomposo carijó na madrugada cantou
Mais diferente dos outros dias meu avô não se levantou
O silêncio na casa era o sinal que ninguém ainda havia acordado
Tento dormir e viro de lado
Mais sou a jovem que já tem a insônia de quem foi enganada no passado
Me levanto e ao passar pelo corredor
Ouço meu avô gemer de dor no quarto fechado
Ele é o único homem
Que faria eu derrubar uma porta trancada em nome do amor
Sem chorar levo meu avô para o geriatra consultar
Mais ele não sai de casa sem seu chapéu panamá e seu lenço de mão
É meu herói mais morri de medo de injeção
Ele resmunga mais ouço tudo que o médico diz com atenção
Todos em casa estão ocupados e preocupados é com a obrigação
Um telefonema franco para o meu patrão
Posso até perder o emprego
Mais meu avô não deixo sozinho nessa vida não
Rabugento diz que esta passando da hora de ir para o céu
Se ele soubesse como eu o amo
Penso enquanto preparo com carinho a famosa sopinha de legumes da Raquel
Sei que fará manha na hora dos remédios tomar
Hoje ele precisa de mim até para um chinelo calçar
Mais sou forte e só no papel me permito chorar
Sabe vô eu gosto tanto quando me dá o braço e me leva para passear
O futuro a Deus pertençe
E o passado por mais que eu tente não posso mudar
A lógica só o destino contraria
Cuidar de você não é peso e sim alegria
Não sei quem de nós dois irá primeiro para o lado de lá
Mas sou um anjo que já aprendeu a voar
Te esperarei com meu vestido branco de tafetá
Com os braços abertos e um lindo sorriso a recepcionar
Meu garboso avô e seu inseparável chapéu panamá...