Na saúde e na doença
então já que não te verei mais será que devo da solidão ser irmã como da morte que me persegue e se oferece, e o que dizer da dor, que não me deixa só nem me desacompanha nem desaparece, pelo contrário quer se fazer mais e mais presente me roendo e me transformando em cacos velhos de ilusão partida, pelo menos tenho minha dor, ela é minha e ninguém m'a tira, porque é bem crueldade separar o que é um do outro, a escolha feita o anel no dedo os sonhos tão bem embalados os pés unidos no sono e aquele seu jeito de sempre cheirar o meu cabelo em nossa cama e de repente tudo virou pó quem é que tem esse direito o de dizer quem pode ser de quem, quem pode dizer se alguém tem cura ou não se já vivemos tão bem quem pode dizer que nunca fomos felizes se eu fui assim e tão completamente quem pode esquecer a melhor que eu já tive, quem pode com estar plenamente apaixonado e ter que abandonar, por ordem de alguém e o que eu faço com essa porra de saudade e essa merda de dor no peito que nem faca tira bem eu tenho minha terra e é pra onde me mandaram eu nunca quis esse frio todo nem a fraqueza de quem não pode me defender e já que sou uma morta viva porque já vida não há nesse corpo nem vontade nem procura porque se nunca mais vou te ter não tenho interesse nenhum em nada não é tipo amanhã eu sei que vou acordar bem porque isso não vai acontecer nunca mais até que joguem minhas cinzas sobre as ruas do bairro bomfim