Flor
Oh, roseiral de falésias...
Emblemática flor do paraíso,
rosa estelar enternecida
ávida das abelhas dos meus beijos...
Corola trêmula em êxtase de orvalho
na frenética passagem da lua
pelo zênite.
Goza amor,
rosa flor,
o gozo efêmero
das criaturas
que, Impossibilitadas das alturas,
vivem nas raízes as vertigens da terra
(tremor de fogo, levante de lava)
sob a visão iluminada do meteoro suicida ...
Quanta primavera sublimada
em tuas veias?
Quanto sangue inútil derramado...
Oh, espoliada flor sobrevivente,
o jugo do inverno não detém
o degelo dos sentidos
na aurora que aflora em pele e pêlos.
Hei de regar-te as entranhas
com o verso diluído em céu convulso,
semear-te em sêmen arte
até a última visão
que te decifre
que de ti cifre
a palavra musical que te festeja.