Cartas

Grafite tuas letras

No branco dentro da gaveta

E o tinture sobre a mesa

Em mãos de desnivelar

Depois crave a alma

Em linhas raras

Assine as claras

O que dizes em cartas

Eu estou a desagregar o vocabulário

Já retirei as gavetas do armário

Não há porque ficar guardado lá

Grafite tuas letras

Nos papéis sobre a mesa

E emoldura a gaveta

Como pedaço de recordar

Depois passe perfume

E a cama arrume

Para eu te desarrumar

Exponha-se em letras

Sem ser soberba

Eu vou te metrificar

Oh cartas minhas

Eternas entrelinhas

De perder e achar.

SARA GONÇALVES
Enviado por SARA GONÇALVES em 28/09/2010
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