CARNAVAL EM VENEZA
No crepúsculo de Veneza
derramaste uma lágrima
como um rio abrindo um fio
no teu rosto maravilhado
de Colombina
Não cheguei a tempo
de usar uma gôndola vaga
para colhê-la com mesura
e juntá-la nos meus olhos
ao meu choro silencioso
de Pierrot
Uma orquestra de cordas
iluminava a Praça de São Marcos
quando sopraste uma promessa
inaudível
nos meus ouvidos ocupados
embevecidos com uma sonata
de Chopin
Quando dei por mim
encontrava-me só
junto à água verde-jade
descobrindo pelo frio
como anunciavam a tua ausência
os raios solares da manhã
Ao longe ouviam-se pombas
a rolhar sobre os telhados
e uma voz bradava
clamando com apelos apaixonados
por um desconhecido
chamado Arlequim
José António Gonçalves
(inédito.08.02.05)