Sem lágrimas e sem sorrisos...
Há muitas formas de amor:
Há o Amor mais antigo,
O primeiro, inesquecível;
Há o delírio da paixão
Que nasce como o verão
E se apaga: é perecível
Ficando a recordação
Sem lágrimas e sem sorrisos...
Há o amor das crianças
Puro, singelo, mansinho,
Que basta qualquer carinho
E passa sem muitas ânsias:
- É o amor de passarinhos...
Mas também há um amor
Imenso em seu valor,
Que é um amor de amigo
E com ele traz consigo
Um querer bem sem tamanho...
Amor que não é egoísta
Que não prende, que confia,
Por quem se daria a vida
Pois se quer como um irmão...
Há um Amor, porém,
Que engloba todos os outros,
Onde se é grande amigo,
Mas esse Amor traz bem mais:
É o Amor em sua Essência
Vivo em sua transparência:
É doçura e é paixão,
É morrer-se com um sorriso
Por aquele a quem se ama;
Humilhar-se não se exita
Para buscar-se o seu bem...
É o amor que renuncia
Que se basta por si só,
Onde se escondem as lágrimas
E até mesmo o sorriso
Se, por isto for preciso,
Fazer feliz quem se ama...
- É por esta razão
Que seguro o meu chorar
E, se preciso for,
Escondo todo o meu riso
E a “indiferença” se faz...
- Mas, lá no fundo, que dor!...
Há lágrimas em profusão
E dos lábios saem sorrisos
A qualquer recordação...
Mas isto o mundo não vê:
Faz parte do Amor Doação,
Do Amor-Renúncia, por que
Não é só uma paixão...
É muito mais que desejo,
É carinho, é compreensão
É um chorar-se baixinho,
Escondido; em solidão
É lembrar-se... Em um sorriso
De tanta recordação...
- É por isso que hoje vivo
Sem lágrimas e sem sorrisos...
... Está quieto o coração
E minh’alma vive em Paz...
Pois se isto te convém,
Todo o Amor que em si contém
Juntas tantas sensações,
Tantas formas de querer,
Nunca seria capaz
De tua vida atrapalhar...
E, na renúncia tranqüila,
Sem lágrimas e sem sorrisos,
A consciência está em Paz...
E este é o Amor que faz
A Vida ter um sentido:
É um Amor mais que amigo,
É um viver-me contigo
Na Alma e no Coração...
Sou a sombra do passado...
Sou presença no presente...
E, no futuro, quem sabe,
Serei um Anjo de luz
A guiar-te a caminhada
Que a todos, ao fim, conduz...
E quando, as almas livres,
Das amarras terrenais
Se encontrarem no Arco-íris,
Talvez lá possamos ter
O sonho dos esponsais
Que na Vida foi negado!...
E não nos separemos jamais!...