ENQUANTO AS CHUVAS NÃO CAEM

ENQUANTO AS CHUVAS NÃO CAEM

Oh! Indômito e incandescente oceano

Que balbucia palavras de terror enquanto tormenta,

Que alucina a noite com as faíscas de ira, de cólera...

Que demoniacamente clareia os céus com raios de espanto e de dor,

Que naufraga!

Que afugenta!

E que esconde em seu fundo, tesouros de vidas perdidas,

De dores latentes,

De sonhos interrompidos,

Netuno, o seu deus, sentando segura sua tridente enquanto chora,

E lamenta pela crueldade...

Não a crueldade aos náufragos...

Mas a crueldade dos covardes...

Que se sentaram na areia...

Que contemplaram ao longe a tormenta,

Que se esconderam em rochas e em penhascos,

E que somente assistiram ao vendaval,

E que carregarão a medalha do fracasso,

O fracasso de ter sobrevivido ao nada,

E a vergonha de não ter morrido...

De não ter entregado ao mar o suor salgado da luta,

Oh! Covardes... De onde pensavas que vinha o sal dos oceanos,

Acaso seria ali colocado por Deus...

Além de covarde és inocente...

Inocente por que não te forjaste no fogo santo da luta,

E da vitória só conheceste o prenome,

Porque nunca lutaste...

Nem que fosse para ser derrotado...

E engolido pelo mar...

Pois ali, no fundo do mar estaria com Deus...

Sérgio Ildefonso 14/08/2008

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Sérgio Ildefonso
Enviado por Sérgio Ildefonso em 25/08/2010
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