A dor de vê o mar

Duas almas nuas

Em vão tentam se abraçar

Duas vidas cruas

Amaradas pelo calcanhar

De baixo do mesmo abrigo

Duas solidões

Estão

a

se

confortar...

Dois inimigos antigos

Inevitavelmente amigos

Que mascam do mesmo

Pesar

Unidos por um laço rouco

Um desejo quase louco

Que nem a razão pode um pouco

Pode um pouco

Desapertar

A dor de não perceber

E nem se quer

De não saber

O desespero de se vê

E depois se vê

E vê o mar

Naquilo que não se vê

Ao mesmo tempo

Em que vê

A dor de não perceber

E nem se quer

De não saber

O desespero de se vê

De se vê

se completar

Carneiro de Lima
Enviado por Carneiro de Lima em 22/08/2010
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