DESAMOR
Regaría-te se fosses flor, mas és espinho
Colheria-te se fosses rosa, mas és joio
Beijaría-te se fosses mel o que destilas desses teus lábios, mas é veneno
Versaría-te se fosses Erato, mas és Melpômene
Amaría-te se fosses anjo, mas és demônio
Lembraria de ti sem mágoas se não tivesses me apunhalado
Acenderia-te uma vela se não fosses tão somente escuridão
Cantaria a ti meu amor se não fosse tua alma surda e cega
Faria-te uma serenata se tua noite tivesse belas madrugadas
Roubaria seus versos se fosses poeta
Mas tão somente és insônia no meu penar
Roubaria tuas jóias se fosses princesa
Mas és somente plebéia que cruzou meu caminhar
Não me deste ouro nem prata
Me deste este coração de lata
Que insiste aqui dentro em meu peito pulsar
Imaginei um dia te dar a lua e todas as miríades de estrelas
Mas o buraco negro é o teu lugar
Não mereces nem pranto nem dor
Não mereces meu amor
Por que isso não te convém...
Mereces que te repudie, ingrata
Nesse peito que quase infarta
Por que se tornou teu refém...
Não quero mais amar ninguém...