ÓPIO

ÓPIO

Vendo os olhos do ser humano

Chorando o inanimado

Vendo a dor estampada no seu semblante...

Correndo para lugar nenhum

Às vezes acho que não sou ninguém

Dançando no meio da noite

O vento batendo em meu rosto

Bebo a lua e sorvo estrelas

Como uma forma de loucura me embebedo da noite

Só para esquecer os delírios desse ardor

Eu me injeto a droga do amor

Embriago-me das carícias que de tão profundas não posso suportar

Porque não é na verdade quem eu queria amar

Sinto saudades de um tempo que jamais voltará

Perdido nas noites em que eu bailava

E nem sabia que era feliz...

Que os verdadeiros amigos eram melhores que os falsos amores

Preferia nunca ter amadurecido

Ou talvez nunca ter me reconhecido

Neste corpo cheio de máculas e mágoas

Nessa mente cheia de traumas e tristezas

Nesse olhar perdido de lembranças e loucuras

Num passado cheio de medos e de fantasmas

Nessa carne fraca e decomposta

Nessa ferida aberta e exposta

Pela marca de um tempo perdido e não descoberto

Nessa vida cheia de dúvidas sem respostas

Escrito em 18 de maio de 1994.

JANA CRAVO
Enviado por JANA CRAVO em 29/07/2010
Reeditado em 29/07/2010
Código do texto: T2406868
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