ÓPIO
ÓPIO
Vendo os olhos do ser humano
Chorando o inanimado
Vendo a dor estampada no seu semblante...
Correndo para lugar nenhum
Às vezes acho que não sou ninguém
Dançando no meio da noite
O vento batendo em meu rosto
Bebo a lua e sorvo estrelas
Como uma forma de loucura me embebedo da noite
Só para esquecer os delírios desse ardor
Eu me injeto a droga do amor
Embriago-me das carícias que de tão profundas não posso suportar
Porque não é na verdade quem eu queria amar
Sinto saudades de um tempo que jamais voltará
Perdido nas noites em que eu bailava
E nem sabia que era feliz...
Que os verdadeiros amigos eram melhores que os falsos amores
Preferia nunca ter amadurecido
Ou talvez nunca ter me reconhecido
Neste corpo cheio de máculas e mágoas
Nessa mente cheia de traumas e tristezas
Nesse olhar perdido de lembranças e loucuras
Num passado cheio de medos e de fantasmas
Nessa carne fraca e decomposta
Nessa ferida aberta e exposta
Pela marca de um tempo perdido e não descoberto
Nessa vida cheia de dúvidas sem respostas
Escrito em 18 de maio de 1994.