Saudade infinda...
Amanhece mais um dia...
E meu coração pergunta: - Onde ele estará?...
O que estará fazendo?... Ainda pensa em mim,
Como disse um dia, que sempre o fará?...
Meus olhos percorrem lonjuras em desassossego...
Era quase um menino, quando eu o conheci...
Eu era uma menina, que usava meias brancas,
E o uniforme marinho, que nunca esqueci...
Ele estava lá... À frente do Colégio,
E em vez das lições, eu escrevia poesias...
Desenhava coelhinhos nas minhas folhas brancas
Com teu apelido... E depois as vias...
Sorrias, talvez, da minha ingenuidade
E das cartas perfumadas que eu te enviava...
Era o despertar da Vida, era o primeiro Amor!
E quando tu não vinhas, como eu chorava...
Tantos anos se passaram desde então...
Tantas lágrimas rolaram pela imensidão...
E eu procurando o Amor da minha Vida
Que me foi arrebatado pela desilusão...
Quantos anos se passaram meu amor?...
Envelhecemos cruzando outros caminhos
Mas sentindo ainda aquela mesma dor
Da saudade de ficou de um tempo que foi lindo...
Hoje restam apenas as lembranças
De um amor nascido em quase duas crianças...
Hoje não tenho mais o beijo dos teus lábios,
Nem os teus carinhos, nem os teus afagos...
Amanhece mais um dia...
E meu coração pergunta: - Onde ele estará?...
O que estará fazendo?... Ainda pensa em mim,
Como disse um dia, que sempre o fará?...
Assim foram, nestes quarenta anos,
Os meus pensamentos ao amanhecer...
E, de mil maneiras, permeando o dia,
Não me abandonavam nem no anoitecer...
Agora é solidão: são só lembranças...
- Que eu veja teu rosto na hora de morrer...