Rainha de meu Ser
Você é o meu oceano cristalino onde minha alma
Purifica-se ao mergulhar em tuas águas,
Quando me olhas sinto-me protegido, seguro, compreendido;
Deixa-me habitar no cerne de tua alma Izzi?
Leva-me para o centro do teu mundo,
Pois lá há verdadeiramente árvores, rios, mares,
E de teu corpo meu amor emana o alento da vida,
De teus lábios gotejam centelhas que ressuscitam sentimentos mortos,
Tuas mãos sagradas germinam alegria em tudo o que tocas,
Teu sorriso adamantino acalenta o dorso das tempestades e dos tufões;
Minha Rainha que caminha suavemente pela superfície dos abismos marítimos,
Enervando os pés aquilinos do Caos a me enevoar,
Indulta, peço-te, esta embrutecida alma que te escreve e te fala,
Pois digno não sou de respirar o ar que respiras,
Nem mereço que ouças minhas palavras tão plebéias,
Pois este ente que vos fala é um labirinto de antíteses paradoxais,
Logo minha Rainha de teu amor tão puro e benévolo digno não sou.
Já entreguei minha duas moedas ao Barqueiro do Hades,
Pois sou sombra de uma sombra anacrônica, pirrônica,
Sofismando estoicamente como um hedonista,
Exaurido de andarilhar no altar do Conhecimento,
Embriagando-se com verborragias intelectualizadas,
Não minha Rainha! Os estribilhos hipnóticos da Morte
Ejaculam suas cicutas por todas as dimensões de minha alma,
E não posso permitir que uma única lágrima desça de teus olhos apolíneos.
O fio de Ariadne derreteu-se quando o segurei,
O mundo, a humanidade, a existência, tudo são distorções ópticas, cênicas, ilógicas,
Tanto internamente quanto externamente.
Ah minha Rainha! Resta-me tão somente mergulhar
No vácuo de minha auto-imolação criptografada.
Amar-te-ei como sempre te afirmei meu amor,
Até mesmo onde o Imperscrutável expelir minha essência metaforizada.
Acaraú, 15 de Junho de 2010