ROSA DOS VENTOS
Súbito e sem explicação, fui tomado
por um desejo de não mais poetar.
O efeito naturalmente seria prejudicial,
pois apesar de não saber, adoro transportar
para o papel tudo o que passa pelo coração.
Nos momentos ilusórios que vivemos
surgem tantos obstáculos. Ora são os
insucessos amorosos depois de ter
amado intensamente, ora são os acatados
amigos, considerados irmãos que se afastam
sem maiores explicações...
Tudo caminha para o encerramento, sinto
o descer do pano como colocando um
ponto final em tudo no que procede sob
o influxo de uma inspiração poética.
Comparo o estado por que passo como
um encerramento de uma peça teatral
de má qualidade, onde não se ouviu em
nenhum momento, qualquer aplauso.
Quem sabe não passe de um breve
momento, assim como ocorre
com todos que são circundados pelos
efeitos da insensibilidade?
Vou deixar passar a presente fase
desta metamorfose e depois, pesar
com acuidade o que passo e seja
qual for o resultado, seguirei a direção
consignada pela rosa dos ventos...