Que a dor, pela flor, se torne amor...
Não quero um amor raquítico.
Muito menos um amor moderno,
E, quiçá não queira eu, um parnasiano.
Todos me enojam.
Eu quero um amor poético.
Cheio de metáforas,
E anáfases – mesmo sendo elas, biológicas.
Quero um amor planôtico,
Filosofo. Socrático, intacto.
Quero um amor boêmio.
Cheio de boemias, por mais obvio que pareça.
Preciso de amor operado.
Como as caminas de outrora,
Assim com a velut luna...
Quero um amor desses de cinema,
Mas cinema preto e branco,
Porque o colorido e sonoro – enoja-me.
Quero poder colher meu amor,
Como Eva fez com a maçã.
Quero sair fugido, pelado,
Do paraíso...
Quero ser mortal,
E como tal, amar.
Quero fugir de casa,
Como se fosse à caça.
Mas não é assim...
A vida não é uma peça de Otelo.
Muito menos, seja ele um autor.
Queira eu viver, mas,
Tolo e inocente,
Não posso sentir o frio...
O nosso amor,
Assim como o conhecemos,
Nasceu. Foi inventado...
Por quem?
Será pelos anjos tortos?
Ou pelos tortos anjos?
Aí que me corrôo por dentro.
Vivo louco, sem cor
Com pouco peso e ardor.
Quisera eu ser uma flor.
Para que toda a dor se torne amor...
"Leiam minha apresentação: http://www.recantodasletras.com.br/cartas/2394709"