Esta noite...
Há um silêncio esta noite... E o ar
Gelado, traz sonhos de antigo guardar.
Por que essas noites geladas não trazem
Pensamentos futuros, de esperanças fugazes?...
O vento sibila na noite qual canto
De amargo sabor de velho acalanto.
Por que não me traz futuros de sonho
Onde, mesmo na noite, seja algo risonho?...
Cansada estou deste mesmo penar
Que abriga meu peito em suave chorar...
- Por que não se muda o que traz tanta dor?...
Cansada estou... De noites...sozinha!...
Eu quero viver! Mas não mais a avezinha
Que empala seu peito pra encantar seu amor...*
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*Nota da autora: referência ao prólogo do livro PÁSSAROS FERIDOS, de McCULLOUGH, Colleen - que diz o seguinte:
“Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e despede um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo, e Deus sorri no céu... Pois o ‘melhor’ só se adquire à custa de um grande sofrimento... Pelo menos é o que diz a lenda.”