EXMUNDO
Portas fechadas, janelas cerradas
O mundo já não é mais meu.
Ouço os carros que deslizam na
pista ao longe,
Este mundo já não é mais meu.
Lábios semi-abertos, corando a pele
vejo os relógios de Dali a esmorecer
e escorrer
O corpo é a oficina da lascívia,
a língua, a mão. Ferramentas...
E o relógio de Dali escorre na parede
do tempo.
O tempo funde-se n'alma curva dos
devaneios do mundo aqui.
E este mundo nosso, deixa de ser meu.
A língua atrasa os ponteiros do
mundo de lá, para que os de cá,
serenados pelo deleite do calor
dos corpos, acelere a pulsação
adiantando para um meio dia sem fim,
onde a fome chega a hora toda e,
dura o tempo todo.
E este mundo nosso, agora, muito menos
nosso... Se extravia no tempo.