EXMUNDO

Portas fechadas, janelas cerradas

O mundo já não é mais meu.

Ouço os carros que deslizam na

pista ao longe,

Este mundo já não é mais meu.

Lábios semi-abertos, corando a pele

vejo os relógios de Dali a esmorecer

e escorrer

O corpo é a oficina da lascívia,

a língua, a mão. Ferramentas...

E o relógio de Dali escorre na parede

do tempo.

O tempo funde-se n'alma curva dos

devaneios do mundo aqui.

E este mundo nosso, deixa de ser meu.

A língua atrasa os ponteiros do

mundo de lá, para que os de cá,

serenados pelo deleite do calor

dos corpos, acelere a pulsação

adiantando para um meio dia sem fim,

onde a fome chega a hora toda e,

dura o tempo todo.

E este mundo nosso, agora, muito menos

nosso... Se extravia no tempo.

Zeca Arruda
Enviado por Zeca Arruda em 25/04/2010
Reeditado em 25/04/2010
Código do texto: T2219713
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