Veneno

O doce do teu olhar

olhar vidrado através das frias barras

grades de cor ferrugem

ferrugem oxidada num coração

preso.

Fortes são as barras e correntes

quebre-as!

Paixão avassaladora

acontece natural

não desacontece

A dança dos olhares inevitavelmente existe

amor, amo a dança dos nossos olhos escuros

o ritmo constante

Tem fome!

Fome da dor que consome

come corações

coração

o meu coração.

Engole em seco

Molha a garganta com o sangue meu

meio a meio veneno por tanto ingeri-lo

Fraco!

Urgente: eu.

Ah! Ódio!

Maldita seja!

A vida

Por não poder estar sempre na tua presença.

Maldito seja o tempo

o relógio impetuoso

e todas suas arrastantes cirandas

lento!

Que haja uma força!

Que a força chame-se veneno.

Que o veneno amaldiçoe o mundo!

O mundo por guardar em todas as ruas um pouquinho de ti.

Óh veneno, amaldiçoai.

Contudo não és forte o bastante

és impotente e não matas o monstro.

o monstro faminto que se alimenta de ti

ó força majestosa, sangue do meu sangue.

Ó força, amaldiçoai.

E assim se perpetua

porque os meus monstros são assim mesmo

Chegam quando eu menos espero

Vão embora quando eu menos quero.

Absolém
Enviado por Absolém em 21/04/2010
Reeditado em 21/04/2010
Código do texto: T2210490
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