Veneno
O doce do teu olhar
olhar vidrado através das frias barras
grades de cor ferrugem
ferrugem oxidada num coração
preso.
Fortes são as barras e correntes
quebre-as!
Paixão avassaladora
acontece natural
não desacontece
A dança dos olhares inevitavelmente existe
amor, amo a dança dos nossos olhos escuros
o ritmo constante
Tem fome!
Fome da dor que consome
come corações
coração
o meu coração.
Engole em seco
Molha a garganta com o sangue meu
meio a meio veneno por tanto ingeri-lo
Fraco!
Urgente: eu.
Ah! Ódio!
Maldita seja!
A vida
Por não poder estar sempre na tua presença.
Maldito seja o tempo
o relógio impetuoso
e todas suas arrastantes cirandas
lento!
Que haja uma força!
Que a força chame-se veneno.
Que o veneno amaldiçoe o mundo!
O mundo por guardar em todas as ruas um pouquinho de ti.
Óh veneno, amaldiçoai.
Contudo não és forte o bastante
és impotente e não matas o monstro.
o monstro faminto que se alimenta de ti
ó força majestosa, sangue do meu sangue.
Ó força, amaldiçoai.
E assim se perpetua
porque os meus monstros são assim mesmo
Chegam quando eu menos espero
Vão embora quando eu menos quero.