PRESSA
A pressa urbana
Que faz-me
Quase inumana
No trivial quotidiano
Anônimo dos sinais
Sem,num piscar de olhos
Reparar crepúsculos,
Na chuva que derrama
Sempre heraclitiana
No arco-íris
Do céu em preces
Do sol berrando
Intensamente em amarelo
Expondo-me aos meus anelos
Das nervuras dos meus sonhos
Por tudo quanto
Atam-me aos pés da ânsia
No cume das horas gregas da quimera
Encontro um Eros amável na esquina
Que para os deuses é a maior sina
Que chega do seu reino
Guardião do Olimpo
Que vem do Pantheon para mim
Que do amor ao mesmo tempo pressinto
Surge-me o que doma os corações do universo
Num soberano código só de mimos
É um Eros com dorso cintilante e asas douradas
Que convola-se em um eclipse,num perigo
Num alguém que usa paletó-e-gravata
Um ser demasiadamente humano
Que consente-me o prazer etéreo
Que oferece-me um banquete de delícias
Que perfuma as flores dos meus freios........