DÚVIDA
Nestas páginas pairam paisagens do passado...
De perfumada primavera preparada com primor...
Passo por caminhos por ninguém antes pisado,
Perco-me em planícies de ilusório esplendor...
Amor... És proteu, gáudio, gélido ou gorjeio?
És mito que governa, deixando grifos na gente,
Guarda-nos entre grades sécteis, mas não creio,
Golpeia-nos com gosto e a tudo é indiferente!...
Amargo, absurdo e amável é o amor...
Altaneiro que ameaça-nos com apreço...
É atroz... Não tem alma e não tem cor
Mas com amor, meu amor, eu te ofereço!
Dádivas de sonhos por Deus a mim, doada!
Dileto dispersivo dentre tudo que eu escrevo,
Entrego-te minha vida cheia de tudo ou nada...
Vem a dúvida da ilusão e tira-me deste enlevo!