Tempo de envelhecer?

Sim, era eleito o tempo de calmaria

de por o coração para descansar

respirar sossego, sorver tranqüilidade

Tempo de sentar na varanda, relaxada

ver o pôr-do-sol com a sinfonia dos pássaros

deixar o vento brando, desarrumar o cabelo

viajar nos odores tão iguais aos de outro tempo

Tempo de arrumar a casa para esperar a velhice

comprar linhas pro tricô, colecionar latinha de chá

folhear o velho livro de receitas, a letrinha da vovó

acostumar com o barulho tão diminuto da casa

já tão mais rareados os momentos de alarido

Tempo de se entender em cada lembrança revivida

num balanço do que pôde ser aprendido, do que

dúvida ainda deixou, incompreensível, inquietante

já colheita beneficiada, armazenada, em dormência

Tempo de acreditar que a vida num compasso,

passo a passo iria igual, sem sobressaltos, lenta,

ritmo dos que, depois de muito andarem, acham a chegada

reconhecem o canto, o porto seguro, o lar e seu tempo

Para então se dar conta que o coração não entende o tempo,

não se subjuga , não o teme, pois que antes, o vence..

E se posta a esperar...esperar...e esperar por alguem!!!

m.raposo*

UmaMonalisa
Enviado por UmaMonalisa em 20/03/2010
Código do texto: T2149374
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