Tempo de envelhecer?
Sim, era eleito o tempo de calmaria
de por o coração para descansar
respirar sossego, sorver tranqüilidade
Tempo de sentar na varanda, relaxada
ver o pôr-do-sol com a sinfonia dos pássaros
deixar o vento brando, desarrumar o cabelo
viajar nos odores tão iguais aos de outro tempo
Tempo de arrumar a casa para esperar a velhice
comprar linhas pro tricô, colecionar latinha de chá
folhear o velho livro de receitas, a letrinha da vovó
acostumar com o barulho tão diminuto da casa
já tão mais rareados os momentos de alarido
Tempo de se entender em cada lembrança revivida
num balanço do que pôde ser aprendido, do que
dúvida ainda deixou, incompreensível, inquietante
já colheita beneficiada, armazenada, em dormência
Tempo de acreditar que a vida num compasso,
passo a passo iria igual, sem sobressaltos, lenta,
ritmo dos que, depois de muito andarem, acham a chegada
reconhecem o canto, o porto seguro, o lar e seu tempo
Para então se dar conta que o coração não entende o tempo,
não se subjuga , não o teme, pois que antes, o vence..
E se posta a esperar...esperar...e esperar por alguem!!!
m.raposo*