ACASO

Se o acaso me alcançar, qualquer dia desses,

Que seja quando você estiver passando por mim,

E sem ao menos ver-me, sinta o coração bater,

Sinta a entranha pulsar, e mesmo sem perceber,

Seja tomada da sensação de pairar nas nuvens.

E quando levantares os olhos em minha direção,

Sinta em meu semblante não só um riso casual,

Nem apenas um ser que passa assim por acaso,

Que atente aos instintos, aos sentidos da alma,

E perceba em mim, o mesmo deslumbre seu.

E ao ires se afastando cabisbaixa, pensativa,

Leve a imagem que lhe passei num repente,

E mesmo que o pensamento se perca disperso,

O coração lhe cutuque e palpite mais forte,

Lembrando que não foi só acaso o que sentiu.

Se o acaso ainda permitir feliz coincidência,

De me encontrar de novo, sentindo igual palpitar,

Reconhecerás em mim as cores do teu sonho,

O aroma cândido das tuas ilusões dormentes,

Direi então que não por acaso sou o teu amor.